O HOMEM O herói da retomada de Corumbá que, sob o título de Barão de Amambahy, deveria entrar para a nobreza matogrossense, nasceu em Cuiabá, no ano de 1827, filho do Tet. Cel. do Exército Vicente Coelho, português nascido e criado na freguesia de Chorendo (Lamengo) P82P e Maria Agostinha Carolina de Almeida, natural de Mato Grosso. O seu pai veio para o Brasil acompanhando as forças que com D. João VI se transportaram ao Rio, em conseqüência das lutas napoleônicas e como Alferes do batalhão de caçadores lhe coube vir servir em Mato Grosso, onde constituiu família e passou o resto de sua existência. Abraçando a carreira paterna, Antonio Maria, tendo assentado praça a 7 de abril de 1839, seguiu 4 anos após para a Corte, onde, com o privilegio de cadete, logrou matricular-se na Escola Militar. Vencendo toda a sorte de tropeços entre os quais a enfermidade e a falta de recursos P83P conseguiu tirar o curso de __________________________ 82) E. de Mendonça dá como natural do Porto o pai de Antonio Maria (biografia no almanaque de Mato Grosso de 1904) mas laborou em equivoco, pois o próprio Vicente Coelho, em seu testamento (Cartório da Provedoria) diz ser do Lamego. 83) Conta um dos seus biógrafos que, além do exigio soldo, contava ele para as suas despesas com a mezada de 7$000. JOSÉ DE MESQUITA 242 infantaria, promovido por decreto de 7 de setembro e 1847, alferes do Corpo de Caçadores de Mato Grosso. Em 1849 regressava a sua terra natal galgando os postos de Tenente em 1855, Capitão, em 1859, Major, em 1865 e Tenente Coronel em 1867. Durante esse período não poucos foram os serviços técnicos prestados ao país e a então província pelo distinto oficial, sobrelevando a organização da companhia de CANOEIROS na freguesia de Albuquerque, o comando do Forte de Coimbra, a instalação do núcleo colonial do Taquary e os trabalhos na comissão de estudos da fronteira, chefiada pelo Barão de Melgaço. Sobrevindo a guerra com a República do Paraguai, Antonio Maria, então Capitão, colhido pelo vértice dos acontecimentos na então vila de Corumbá, revelou-se, além de militar disciplinado e valoroso patriota de escol, organizando uma companhia de paisanos, da qual foi aclamado comandante e promovendo, com os reduzidos elementos à mão, a defesa da Vila, da qual só se retirou quando teve notícia de haver o Comandante, das armas Ceio Carlos Augusto de Oliveira abandonado a praça com toda a força militar disponível. Chefiou, com rara intrepidez a retirada da população de Albuquerque, através dos pantanais do Coxim, até esta capital, onde chegou em começos de abril de 1865, sendo mandado para o S. Lourenço, comandando um efetivo de 300 homens. Ao assumir, em 1867, o governo da Província, o Dr. Couto de Magalhães concertou organizar uma expedição a Corumbá a fim de retomá-la dos paraguaios, e viu logo no bravo Antonio Maria Coelho o indigitado Comandante para dirigir tão arriscado feito d'armas. A 13 de junho desse ano inscrevia-se nos fatos militares brasileiros essa página de heroísmo que é a reconquista da GENEALOGIA MATOGROSSENSE 243 formosa cidade do sul, na qual Antonio Maria revelou a suas exímias qualidades militares. Coronel em 1884, Brigadeiro em 1889, dois anos, depois era promovido a General, posto em que o veio apanhar o decreto de Floriano Peixoto que o reformou como Marechal, em virtude de haver assinado o célebre manifesto dos 13 Generaes, em 1892 P84P. Como político foi Antonio Maria chefe do partido-nacional, organizado após a Proclamação da República, com elementos do antigo Conservador, tendo-lhe cabido também a primazia de ter sido o primeiro Governador do Estado, por aclamação popular. A sua incursão pela política não foi, porém, das mais felizes, chegando, como tem sucedido quase sempre aos militares que a sereia do partidarismo seduz a ter sérios dissabores, que vieram desfechar na sua retirada à vida privada em 1894, pouco sobrevivendo a tais revezes, pois faleceu a 29 de agosto desse mesmo ano, em Corumbá, a mesma cidade que o seu valor reintegrara à comunhão brasileira e que guarda ciosamente os seus restos, tendo-lhe erigido, numa de suas praças, um belo monumento em bronze, evocador de sua nobre memória. O Governo imperial concedeu-lhe os oficialatos da ordem do Cruzeiro e da Rosa e a Assembléia da Província, em junho de 1868, conferiu-lhe o uso da medalha Constancia e Valor. Por Decreto de 28 de agosto de 1889 foi-lhe adjudicado o título de Barão de Amambahy com grandeza, P85P título que, diz o __________________________ 84) Acerca da sua carreira militar vale conhecer a biografia que dele escreveu, em 1800, o Adv. Francisco Agostinho Ribeiro. 85) Vasconcellos - Arquivo nobiliário, pág. 47. JOSÉ DE MESQUITA 244 seu mais competente biografo, “nunca usara para não apagar o seu nome heróico que era o seu maior brazão e a sua maior riqueza acumulada por um longo tirocinio de serviços gloriosos”. P86P II A GENEALOGIA Filho de Vicente Coelho e Maria Agostinha Carolina de Almeida — como já ficou dito — Antonio Maria teve por avós, pela linha paterna, Antonio Coelho e Antonia Bernarda de Oliveira e, pela materna, José de Arruda Borralho e Maria Magdalena de Almeida, aquele filho de Paschoal Delgado Lobo e Maria de Almeida Lara, da ilustre linhagem dos Laras e Arrudas, descrita por Silva Leme na sua Genealogia Paulistana. Característica bem remarcada nesta família é o seu pendor pelas armas, sendo que dos onze filhos de Vicente Coelho quatro moças já casadas ao tempo de seu testamento (25 de fev. de 1865 - in. Livro 30 da Provedoria, fs. 33), tiveram por esposo oficiais do Exército, seguindo também a carreira paterna Antonio Maria Coelho. P87P Foram estes os filhos de Vicente Coelho: 1 - Maria Christina, casada com Francisco de Assis Machado Bueno, Capitão de Cavalaria; _________________________ 86) F. Agostinho — Traços biográficos do General de divisão — Antonio Maria Coelho, Cuiabá, 1899. 87) Também entre os descendentes do Barão esse traço típico, perdurou, frisandose a preferência, pela Marinha, pois, como se verá mais adiante, várias de suas netas desposaram oficiais da Marinha e essa mesma foi a carreira preferida pelo seu último filho - Saladino. GENEALOGIA MATOGROSSENSE 245 2 - Maria Magdalena - casada com João Pinheiro Guedes, Major de Cavalaria, são pais de Antonio Pinheiro Guedes, doutor em Medicina e cirurgião do corpo de saúde do Exército, mencionado por S. Blake em seu Dicionário Bibliográfico Brasileiro, (I, 289) e do Almirante Henrique Pinheiro Guédes, figura de destaque da Marinha de Guerra Nacional, um dos heróis da Passagem de Humaitá. P88P 3 - Antonio Maria Coelho, que dá o nome a este título, e de quem mais adiante nos ocuparemos desenvolvidamente. 4 - Maria da Conceição, esposa do Cap. de Caçadores Manoel Alves Pereira da Motta. 5 - Manoel Coelho de Almeida, Alferes da Guarda Nacional em 1865. 6 - Anna Coelho de Oliveira, casada com o Capitão de Cavalaria Joaquim Soares de Figueiredo. 7 - Rosa Bicudo Coelho P89P 8 - Constança Ephigenia Coelho 9 - Francisco de Paula Coelho 10 - João Coelho de Almeida 11 - Pedro Gonçalves Coelho Duas vezes se casou Antonio Maria Coelho a primeira com Anna Christina Jorge Coelho. P90P Do primeiro enlace houve dois filhos: _______________________________ 88) E. de Mendonça - Datas, I, 279. 89) A ordem observada é a que consta do supradito testamento de Vicente Coelho, sendo que desconheço si as demais, nesse tempo solteiras, vieram a casar depois. 90) Ao concluirmos este trabalho lêmos haver falecido no Rio de Janeiro. em sua residência à rua Hadock Lobo nº 417, a Baroneza de Amambahy, a última das titulares matogrossenses. JOSÉ DE MESQUITA 246 Emilio Cap. I Adelino Cap. II e do segundo, cinco: Vicente Cap. III Cezar Cap. IV Maria Cap. V Alice Cap. VI Saladino Cap. VII CAPÍTULO I EMILÍO COELHO Teve o primeiro filho de Antonio Maria Coelho por esposa Elisa Jorge Coelho, falecida em 1916, deixando 9 filhos: Anna § 1º Maria § 2º Antonio § 3º Catulina § 4º Gracinda § 5º Adelina § 6º Clarice § 7º Edith § 8º Aracy § 9º § 1º Anna Maria Coelho. § 2º Maria Coelho de Souza, casada com o Capo de Fragata Agerico Ferreira de Souza, com três filhos: GENEALOGIA MATOGROSSENSE 247 1 - Luiz 2 - Hilda 3 - Paulo 1º Luiz Antonio Ferreira de Souza (+) 2º Hilda Christina F. de Souza 3º Paulo Emilio F. de Souza §3º Antonio Maria Coelho, casado com Francelina Rondon Coelho. Três filhos: 1 - Poty 2 - Elisa 3 - Maria de Lourdes 1º Poty Coelho 2º Elisa Coelho 3º Maria de Lourdes Coelho JOSÉ DE MESQUITA 248 § 4º Catulina Coelho de Araújo, casada com o Cap. Tte. e engenheiro civil Ernesto de Araújo; uma filha: 1 - Elvira Thereza 1º Elvira Thereza de Araújo § 5º Gracinda Coelho § 6º Adelina Coelho Faceiro, casada com o Capo Tte. Alarico de Andrade Faceiro, 2 filhos: 1 - Ary 2 - Aracy 1º Ary Coelho Faceiro 2º Aracy Coelho Faceiro (+) §7º Clarice Coelho (+) § 8º Edith Coelho GENEALOGIA MATOGROSSENSE 249 § 9º Aracy Coelho (+) CAPÍTULO II ADELINO MANOEL COELHO Já falecido em 1920, deixou o segundo filho de Antonio Maria Coelho do seu consórcio com Guilhermina dos Santos Coelho, 9 filhos: Liberata § 1º Presciliano § 2º Pedro § 3º Maria § 4º Antonio § 5º Emilio § 6º Anna § 7º Honorina § 8º Adelino § 9º § 1º Liberata Coelho § 2º Presciliano Coelho - casado com Amália Coelho. § 3º Pedro Coelho (+) § 4º Maria Coelho de Aquino - viúva do Te. Alfredo de Aquino. JOSÉ DE MESQUITA 250 § 5º Antonio Maria Coelho. § 6º Emilio Coelho. § 7º Anna Coelho § 8º Honorina Coelho § 9º Adelino Coelho CAPÍTULO III VICENTE COELHO O terceiro filho do Barão de Amambahy faleceu em 1902 sem descendência. CAPÍTULO IV CEZAR COELHO Também falecido, em 1888, em criança. CAPÍTULO V MARIA AGOSTINHA COELHO A quinta filha Maria Coelho faleceu em 1888. GENEALOGIA MATOGROSSENSE 251 CAPÍTULO VI ALICE COELHO Como os seus irmãos anteriormente mencionados morreu Alice em 1888. CAPÍTULO VII SALADINO COELHO Capitão Tenente da Armada Nacional, o último filho do Marechal Antonio Maria casou-se com Ada Perdigão Coelho, tendo dois filhos: Mario § 1º Maria § 2º § 1º Mario Perdigão Coelho § 2º Maria Lygia Coelho Nota de pesquisa: “Genealogia Mato-grossense”, consta como verbete, nos seguintes livros de referência: • Brasil, obras de referência, 1965-1998: uma bibliografia comentada; Ann Hartness, Briquet de Lemos Livros, 1999, item 731, pág. 105; • Bibliografia preliminar sobre genealogia no Brasil; Victorino Coutinho Chermont de Miranda, Colégio Brasileiro de Genealogia, 2000. http://www.jmesquita.brtdata.com.br/1992_Genealogia%20Matogrossense.pdf