Até o ano de 1960 percorria-se distâncias consideráveis na Chapada do Apodi, primitivamente denominada de "Serra da Picada", sem que uma casa de residência fosse encontrada. Este cenário devia-se a inexistência de água para dessedentar os pretensos habitantes destes ermos sertões. Vez por outra encontrava-se um esgalho de estrada derivada da central. Atravessava-se toda a serra do Apodi para só então encontrar o povoado denominado de "Olho D'água da Bica",no vizinho estado do Ceará, que até hoje não passou ao predicamento de cidade. Configurava-se um imenso vazio demográfico. Já no que consiste ao verde vale da várzea, era mais fácil encontrar-se sítios e fazendas instaladas, dado a proximidade com os rios Umari e Apodi. Observe-se que a família NOGUEIRA, que deu início ao processo de colonização e povoamento das terras Apodienses, fixou-se em 16 de Outubro na margem sul da lagoa, no lugar conhecido como "Lagoa do Cajueiro", onde hoje situam-se os sítios "Garapa" e "Vertentes". As terras da Chapada foram relegadas a um processo lento e gradual de povoamento, cujas "Datas de Sesmarias" foram requeridas por cearenses e pernambucanos, que mandavam prepostos para instalarem seus currais de gado. Cito como exemplo o pernambucano Lourenço D'Abreu Pereira, cujas terras ainda hoje são conhecidas como "Data do Abreu". Já o cearense Manoel Francisco dos Santos Soledade fixou-se nas conhecidas "Lages Grandes",onde deu início ao sítio "Soledade". A observação destes fatos resulta no estudo das formas de povoamento. O modo como a população se arranjou na ocupação do solo, fixando sua habitação e estabelecendo as bases de sua economia, é tema que a sociologia da vida rural tomou à geografia humana. Ainda não devidamente estudado entre nós Apodienses, o assunto não é entretanto, destituído de importância, e este ensaio representa uma tentativa nesse sentido. Quanto as terras do "Sítio do Góis" observa-se o grande hiato para o seu povoamento, em que do ano de 1680 para o ano de 1817 transcorreram-se exatos 137 anos para que ditas terras fossem requeridas por um bisneto paterno da fundadora Antonia de Freitas Nogueira - O Tenente JOSÉ DE GÓIS NOGUEIRA, que ao instalar seu curral de gado vacum e cavalar, fez casa de taipa e nela instalou o seu vaqueiro para cuidar dos rebanhos. Logo, o sertanejo passou a se referir à estas terras como sendo "Sítio do Sr. Góis", para logo mais ficar definitivamente conhecido como sendo o "Sítio do Góis". Vejamos a íntegra do requerimento feito por JOSÉ DE GÓIS NOGUEIRA, solicitando a concessão de sua Carta de Data de Sesmaria, cuja concessão foi concedida a 17 de Outubro de 1817: " Diz JOSÉ DE GÓIS NOGUEIRA, morador na sua fazenda de São Lourenço, da Freguesia das Varges do Apody, Termo da Vila de Portalegre, que para mais comodidade de criar seus gados vacuns e cavalares quer haver por Data de Sesmaria uma légua de terra quadrada na "Picada do Apodi", aonde há terras devolutas e desaproveitadas que nunca foram pedidas as quais pelo nascente contesta com terras das Datas do Boqueirão e do Rosário, de Lourenço de Abreu, pelo poente com a picada do Apody, terras devolutas, pelo Norte com terras do sítio de Sebastião Machado, e pelo sul com terras da " Data da Soledade" na mesma picada do Apody, fazendo referida légua que pede o Suplicante pião em umas lages que tem chamadas "Lages do Remualdo", donde pelo inverno mina algumas porções d'água que faz uma espécie de lagoa pequena, e no caso de não fazer pião nas ditas lages fiquem estas sempre dentro da dita légua de terras correndo esta para o nascente. Varges do apody, 14 de Janeiro de 1817. (FONTE: "Sesmarias do Rio Grande do Norte - 5º Vol. - págs. 209 a 211 - Coleção Mossoroense - Volume 1140 - Março de 2000). JOSÉ DE GÓIS NOGUEIRA era bisneto paterno da fundadora Antonia de Freitas Nogueira. Filho legítimo de Manoel de Carvalho Nogueira (1733/11 de Junho de 1773 - sítio Garrafa). Era Tenente da Guarda Nacional. Casou em primeira núpcias com Joana Gomes da Silveira, filha do Capitão Domingos da Silveira e de Francisca de Jesus Maria. Joana era viúva do Tenente José Freire de Oliveira, falecido na sua fazenda "São Lourenço" a 15.06.1798, com quem teve uma prole de 06 filhos. Joana e José de Góis foram pais de uma filha de nome JOANA GOMES DE GÓIS NOGUEIRA, que casou com João Nogueira da Silveira. JOSÉ DE GÓIS casou em segunda núpcias (Já viúvo) com ANTONIA FRANCISCA DA CONCEIÇÃO, filha de Ricarte de Freitas Costa e Felizarda Maria de Freitas. Dona Antonia Francisca faleceu em seu sítio "São Lourenço" a 08.06.1891 aos 77 anos de idade, já casada em segunda núpcias com Raimundo Gomes de Oliveira, irmão do Padre Florêncio Gomes de Oliveira. José de Góis e Antonia Francisca foram pais de: F.01-Norberto de Góis Nogueira. F.02José Ricarte de Freitas. F.03- Maria Nogueira de Freitas - Casada com José Carapinima Gomes Caneca. F.04- Tertuliano de Góis Nogueira: - Tenente da Guarda Nacional. Casou com Maria Eliza Cavalcanti de Albuquerque, filha do Tenente-Coronel Elias Antonio Cavalcanti de Albuquerque, que foi Deputado Provincial representando o Apodi. - Tertuliano faleceu no sítio "São Lourencinho" às 04 horas do dia 17.03.1916, aos 86 anos de idade, deixando 12 filhos, com vasta descendência na várzea do Apodi e de Felipe Guerra. Na história do "Sítio do Góis" destaca-se,ainda, a matriarca JOSEPHA MARIA DA CONCEIÇÃO, que faleceu a 20 de Dezembro de 1914 aos 54 anos de idade, viúva que era do Sr. JOSÉ GOMES TAVARES, filho de Clementino Gomes Tavares e de Maria Gomes Torres. José e Josepha deixaram uma prole de 10 filhos. Outra família tradicional que povoou o Sítio do Góis foi a família do patriarca Ananias Evangelista de Medeiros, casado com Gertrudes Maria da Conceição, natural de Riacho dos Porcos-PB, falecida no sítio do Góis, onde residia, a 19.10.1915, aos 65 anos de idade (Já viúva), deixando os filhos: F.01- João Raimundo da Silva - Casado com Joana Maria da Conceição. F.02- Isabel Maria da Conceição - Casada com Raimundo de tal. Foram pais de: N.01 a 06 - Raimundo ,Cristalino, Thomázia ,Antonio, Maria, Artur (Pai de João e de Chico de Artur). As terras que compreendem a área territorial de Apodi ainda são de posse e domínio de 90% dos descendentes de Antonia de Freitas Nogueira e de Manoel Nogueira.